O CIMF situa-se no centro urbano da Vila e Concelho da Póvoa de Lanhoso, no largo com o nome do maior benemérito da Póvoa de Lanhoso, o Brasileiro de torna-viagem António Ferreira Lopes, onde em meados do século XIX se localizava a estalagem de Maria Luisa Balaio, para muitos investigadores, a verdadeira “Maria da Fonte”.
O Núcleo Documental do CIMF, localizado na Póvoa de Lanhoso e instalado no edifício a poente do Theatro Club, no Largo António Lopes, para além de concentrar o grosso do Arquivo Histórico Municipal, onde é possível encontrar a documentação existente como produzida pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso quase exclusivamente nos séculos XIX e XX, enquanto fundo principal, inclui ainda um conjunto de outros fundos documentais locais, manuscritos e impressos, públicos e particulares, também ali depositados.
O Núcleo de Interpretação do CIMF, localizado na Póvoa de Lanhoso e instalado no edifício a nascente do Theatro Club, no Largo António Lopes, para além de patentear em exposição, ou em diversos tipos e suportes, a informação que permite perceber ou dar a conhecer o papel desempenhado pela Maria da Fonte e pela Póvoa de Lanhoso no contexto das profundas transformações operadas em Portugal no segundo quartel do séc. XIX - implementação do Liberalismo em Portugal, onde assumiu ou fez ouvir a voz e o sentir de toda a comunidade, toda uma região e mesmo todo o país, desenvolve ainda todo um conjunto de valias e dinâmicas.
O centro temático é, de facto, a figura da Heroína Maria da Fonte, originária das terras de Lanhoso, que na primavera de 1846 solta um grito de revolta contra a forma como a governação pretendia introduzir as alterações que pretendiam guindar Portugal para as novas realidades políticas e sociais em expansão por toda a europa e todo o mundo - liberté, egalité, fraternité - as novas bandeiras liberais, ignorando o sentir, a realidade e diversidade próprias das comunidades e populações, fazendo tábua rasa de tradições seculares.
Sendo a Maria da Fonte uma figura marcadamente enigmática e que comporta, para muitos, ainda hoje, um conjunto de dúvidas ou incertezas sobre a sua identidade, a sua ação ou a sua importância, não apenas no movimento contestatário de 1846 que assume relevância na contestação às Leis da Saúde, que proibiam os enterramentos dentro das Igrejas, esta acaba por se tornar paradigmática e expressiva do sentir de todo um país, consegue congregar para a sua ação todas as tendências e expressões políticas, económicas e sociais.
A partir da Maria da Fonte é possível identificar todo um conjunto de circunstâncias, de factos, de dinâmicas que pela sua complexidade elevam a figura da Maria da Fonte a um nível tão enigmático quanto controverso, tanto factual quanto lendário...
No Centro Interpretativo Maria da Fonte, o visitante pode encontrar de exposições etnográficas e documentais a elementos de uso quotidiano no século XIX a elementos escultóricos do século XX, a um auditório com capacidade para uma plateia de 50 espetadores aos jogos de conhecimento a partir de plataformas digitais... para além de todo um manancial de opções para o conhecimento do território da Póvoa de Lanhoso e da região do Minho em cujo coração está localizado.
O Centro Interpretativo Maria da Fonte dispõe de uma série de recursos educativos, desde jogos interativos e plataformas digitais a atividades como leituras encenadas, puzzles... Esta oferta educativa está aberta aos vários níveis de ensino e faixas etárias.
O CIMF tem já uma exposição itinerante composta por quatro painéis articulados, que serão complementados por uma exposição oral sobre os conteúdos dos mesmos, assim como por outras atividades, nomeadamente jogos didáticos e interativos.
No âmbito do processo do desenvolvimento do Centro Interpretativo Maria da Fonte, no seu Núcleo Documental está depositado o acervo do Arquivo Histórico Municipal, que reunirá toda a documentação dos diversos fundos documentais até ao ano de 1976.
Para além dos fundos de documentação da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, relevam os Protocolos assinados com a Juntas de Freguesia que ali depositam a documentação da respetiva documentação, particularmente das juntas de paróquia, até à instituição das Autarquias Locais.
A ferramenta disponível para consulta dos respetivos fundos documentais é https://arquivo.mun-planhoso.pt/.
A Maria da Fonte também foi uma das figuras históricas que Camilo Castelo Branco (n.1825-m.1890) abordou na sua vastíssima obra literária, cujo "cognome" seria dado a uma publicação "Maria da Fonte" publicada em 1885.
A própria história do símbolo que a Maria da Fonte acaba por encarnar muito deve à fantasia do romancista de Seide, cuja história se baseou em manuscritos cedidos pelo Administrador do Concelho da Póvoa de Lanhoso ao tempo da Revolta das mulheres de Fontarcada e da Póvoa de Lanhoso, desencadeando todo um conjunto de factos e de fábulas que hoje estão perfeitamente clarificados. O que foram os Factos e o que são as Fábulas!
O Centro Interpretativo Maria da Fonte, como não poderia deixar de o fazer, propõe-se desenvolver um conjunto de ações, atividades e dinâmicas no intuito de se associar a essas Comemorações.
Em 2024 o Município da Póvoa de Lanhoso, numa edição tripartida com as Misericórdias de Braga e de Barcelos, publicou um trabalho desenvolvido e sustentado num documento original depositado no Núcleo Documental do CIMF, na passagem dos 150 anos da primeira edição do 2.º volume de "O Demónio do Ouro" de Camilo Castelo Branco. Esse trabalho é "Camilo e o Último Enforcado Em Braga: O Demónio do Ouro", António José Ferreira Afonso, Póvoa de Lanhoso, 2024.
Hoje é quase impossível apurar quem foi a genuína heroína popular. O que chega até nós é o símbolo de uma revolta, pois a Maria da Fonte dilui-se na identidade coletiva”.
Senhores nós acabamos de presenciar uma grande revolução, uma revolução que tem, além de outros carácteres brilhantes, o magnífico, o transcendente carácter de ser verdadeiramente popular porque começou pelas mulheres. Quase que ainda não houve uma revolução verdadeiramente grande, verdadeiramente nacional que assim não começasse”.
Á bella provincia do Minho, á princeza das nossas provincias, coube a honra imortal de ser a primeira, que arvorou o estandarte da patria, com incrivel constancia[...]”.